Conhecimento prático e teórico não competem entre si, mas complementam-se: não se pode negar a ciência. 
O sucesso sem educação formal é inspirador, mas engana-se quem pensa que o estudo é desnecessário. No Brasil, é possível citar diversos empreendedores de sucesso que não terminaram o Ensino Médio. Alguns, nem o Ensino Fundamental. Situações reais de superação demonstram que muito esforço e dedicação foram determinantes para a superação das dificuldades causadas por lacunas de conhecimento decorrentes da falta de estudos.

Relatos de sucesso de empreendedores que sem educação formal superaram dificuldades extremas podem induzir ao raciocínio de que estudo e empreendedorismo não andam de mãos dadas. Ou pior, que o estudo é desnecessário.

Chegar a esse tipo conclusão pode levar pessoas a caírem em armadilhas. A primeira armadilha é o viés da sobrevivência, que se materializa quando se toma a decisão a partir de amostras constituídas dos que sobreviveram para contar a história: os empreendedores vencedores são os sobreviventes de uma população constituída de vencedores (sobreviventes) e de perdedores (não sobreviventes). Todo empresário de sucesso tem vivência de insucessos, e a educação formal pode ajudar a encurtar o tempo que o empreendedor passa cometendo erros evitáveis.

 
Os empreendedores vencedores sem educação formal são de fundamental importância e talvez fontes de inspiração, mas não deveriam ser usados como exemplos para sustentar a tese de que o estudo formal é desnecessário, pois muitos fracassos poderiam ter sido evitados, se os empreendedores dispusessem de conceitos elementares que a educação formal fornece.

Um estudo do Sebrae sobre causa mortis de empresas aponta que 39% dos empreendedores que não tiveram sucesso foram incapazes de mensurar a necessidade de capital de giro (boa parte sequer sabia o quer é capital de giro).

Esse estudo também evidenciou que muitos dos empreendedores que fracassaram não montaram plano de negócio (sequer sabiam o que é isso), não entendiam de tributos, dentre outros fatores.

A apologia ao não estudo não só nesse caso, mas também em outros, cai por terra. Muitos negócios seriam salvos se antes de montá-los o empreendedor tivesse noções mínimas de conceitos sobre: montagem de Business Plan; necessidade de capital de giro; estimativa de demanda; margens e precificação; tributação; legislação trabalhista; técnicas de avaliação de investimentos; marketing; recursos humanos (pessoas).

Uma última armadilha diz respeito ao fato de não se ter educação formal: perder a oportunidade de aprender com o erro dos outros e investir tempo para aprender com tais erros cometidos por outros permite que a lição seja assimilada, visto que a educação formal fornece um dos projetos com maior Valor Presente Líquido (VLP) que se conhece.

O conhecimento teórico, especialmente aquele adquirido nos cursos de Administração/Gestão Empresarial, ensina os alunos, por meio de estudos de caso e da aprendizagem de técnicas, como melhor planejar, organizar, dirigir e controlar os empreendimentos.
 
(Adaptado do texto de Rafael Paschoarelli)

Autora:
Professora Me. Mara Mellini Jabur 
Fatec Sertãozinho



 

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